quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A Flor

Ele tentou. Tentou, de sua maneira, não se importar com aquela flor, talvez deixá-la de lado. Parou de olhar todo dia através de sua janela buscando encontrá-la. Deixou de comprar telas e tintas com as quais tentava transformar a bela flor em obra de arte. Ele até conseguiu. Passou semanas livre das coisas que o prendiam àquela flor. Quem convivia com ele notou que algo estava diferente. Até que um dia, ao sair de casa, distraído, deixou o olhar bater na flor. E ela estava lá: suas pétalas rosadas, dando uma idéia de textura macia, e seus espinhos, que impediram ele se aproximasse outrora. Bastou olha para a flor para que o rapaz soubesse que estava novamente preso a ela. Antes de voltar para casa, comprou tintas e telas e, naquela mesma noite, se colocou a pintar a flor. Não tentaria chegar a ela novamente. Queria apenas pintá-la, sempre que possível, enquanto esperava o fim da primavera, o que daria início a um período sem a flor, facilitando, quem sabe, que ele a transformasse apenas em uma agradável lembrança.

Um comentário:

Marcelle disse...

quem nunca se sentiu preso a uma flor antes ein?