sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

It's Not Easy - Five for Fighting

Ela abriu os olhos lentamente ao ouvir barulho de coisas caindo, já sabendo do que se tratava. Da posição em que estava deitada na cama, podia ver seu marido tirando o short que usava para dormir e colocando a famosa roupa azul.
- Querido, está tarde... - disse sabendo que sua tentativa de mantê-lo em casa era inútil.
- Ah, droga! - falou ele surpreso ao ouvir a voz da moça. - Desculpe, não queria acordá-la. E você sabe que eu preciso ir.
- Mas...
- Já conversamos sobre isso. Eles precisam de mim. Volto o mais rápido possível.
Ela sentou-se na cama e pegou o porta-retrato que ele havia deixado cair enquanto se trocava. Na foto, o moreno estava com seu filho sentado no pescoço e o menino se divertia puxando os cabelos do pai. Deu um sorriso e falou:
- Não esqueça que hoje é aniversário de cinco anos do John! - mas, olhando para onde o marido se encontrava, viu apenas a cortina sendo balançada pelo vento.

 ***

Abriu a porta da sala cuidadosamente, pois já passava das 22h. Tinha ficado o dia todo fora, tentando impedir que a cidade fosse destruída. Estava cansado e enquanto trancava a porta sussurrou:
- Aquele careca de m...
- Olha a boca, mocinho!
 Ele olhou para trás e viu sua esposa sentada no sofá com seu filho dormindo no colo. O rapaz sorriu, mas ela manteve-se séria.
- Dia difícil? - perguntou ela.
- Nem me fale! Você acredita que o L...
- Você sabe que dia é hoje? - a moça o interrompeu.
Ele olhou para o calendário preso à parede... 23 de maio.
- Oh, não! Como eu pude... Eu não... Como ele está? - falou aproximando-se do garoto e passando a mão em seus cabelos.
- Você sabe como ele é... Não vai admitir pra mim que está chateado. Puxou ao pai!
- Deixe-me levá-lo para cama.
Ele então pegou o garoto no colo e o levou até o quarto. Lá, o colocou na cama, apagou a luz e ia saindo. -Papai...
- Oi, filhão! - disse com a voz triste. - Papai te deve desculpas...
- Sim, eu sei.
- Mas você entende, né? Eu tenho minhas respons...
- Tá, eu sei, papai. Mas às vezes eu queria não ser filho de super-herói, e sim apenas filho de um jornalista.
O homem sentiu a vista marejar e um lágrima descer pelo rosto, seguida de algumas outras.
Era capaz de enfrentar vilões terríveis, evitar acidentes catastróficos e lutar por horas sem nem ao menos hesitar. Porém, naquele momento, ele percebeu que saber voar, ter visão raio x, super velocidade, super força e tantos outros poderes, não era suficiente para resolver alguns problemas, e que a felicidade daqueles mais ama não depende desses dons.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Maleon

O reino de Maleon estava sendo invadido. Duelos entre cavaleiros eram vistos por toda parte e o castelo estava praticamente tomado. Lá dentro, a princesa não sabia o que fazer. Corria abandonada, mas para todos os cantos que virava, via sempre um ou vários inimigos. Já estava quase desistindo e prestes a se entregar quando ouviu uma voz conhecida: -Princesa Karen! Vem! Por aqui! E avistou o Bobo da Corte, a sua esquerda, com a mão estendida. Sem muito pensar, Princesa Karen segurou a mão do rapaz e deixou-se guiar por uma passagem que nem ela mesma sabia existir no castelo. Adentraram um corredor pouco iluminado. As paredes de pedra eram cobertas por musgos, e os ratos e outros bichos passavam a toda hora por eles. O longo vestido da moça já estava sujo de lama e seus sapatos já tinham ficado para trás, na tentativa de correr mais rápido. Definitivamente não era um lugar para uma princesa, a não ser que ela estivesse tentando escapar. Aos poucos, a claridade foi aumentando, até chegarem na saída, que dava para um pequeno riacho, que passava pelo lado sudoeste do castelo, próximo a floresta, de modo que ninguém parecia estar por perto. Correram os dois, ele ainda guiando-a pela mão, até a árvore mais próxima. Lá, ele sentou-se, encostando as costas no tronco da árvore, entretanto a moça manteve-se em pé. Parecendo confusa, ela perguntou: - Por que motivo arriscaste tua vida para tentar me salvar? - Confesso que no primeiro instante pensei estar apenas ajudando à filha de meu Rei... - falou o rapaz que agora alimentava-se de um dos frutos da árvore - Mas no instante que tua mão tocou a minha, meu coração disparou. Foi então que percebi que a ti salvava pois tu és uma das poucas pessoas que riem de minhas palhaçadas, sendo elas boas ou não. Apesar de tua personalidade um tanto quanto arisca, percebi que sei exatamente como deixar-te feliz, e também como irritar-te! - olhando diretamente nos olhos dela, deu mais uma mordida no fruto e o ofereceu à princesa. - Como ousas dizer palavras tão... tão... - e parou buscando a palavra. - Sinceras? -tentou o rapaz. - Não!! Seu... Seu... Bobo da Corte! Ele apenas sorriu! E ela completou: - Quando meu pai, que por um acaso é seu Rei, souber de seu atrevimento, serás um Bobo morto. - Terás coragem de me entregar, ó, minha princesa? - zombou. - Ahh! Tu me irritas, sabias? - Eu sei! É quase um esporte para mim! Mas acalma-te... - Não... Precisas arrumar outras roupas. Como podes te esconder com estas vestes de Bobo? - Ah! Tu falas como se ninguém fosse notar que és a princesa, indepentende das roupas que vais usar! - disse, levantando e dando as costas para princesa, enquanto procurava outro fruto. - Vais querer comer ou não, Princesa Karen? Princesa? Quando virou-se, ela já estava caminhando, distante. - Vai ser mais difícil do que eu imaginava... - afirmou, respirando fundo e apertando o passo para alcançá-la.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Please, Please, Please, Let Me Get What I Want - Muse

- Correio!! A voz que gritava através da tarde ensolarada já era conhecida pela jovem, recém universitária, que morava na casa número 15 da Rua dos Pássaros. Era sempre o mesmo carteiro. Aquele rapaz com seus 22 anos, no máximo. Acabavam sempre conversando por cinco ou dez minutos. Nada demais, apenas simpatia. - Olá, Almir! O que trouxe pra mim hoje? - Como vai a senhorita? - Já disse que sou Valéria... Nada de senhorita! - disse sorrindo - Mas diga, o que é? Carta do meu tio? - Não... Hoje são essas flores. - Nossa!! - encantou-se a garota - São lindas! Mas... Não tem nenhum cartão? - Bom... Elas estão exatamente do mesmo jeito que me entregaram. - Tem certeza que você não perdeu no caminho do correio até aqui? - Absoluta, senhori... Valéria! - Ah! Que injustiça! Odeio ficar curiosa... Será que é do Cauã?! - surpirou ela - Bom, vou entrar para colocá-las num vaso com água. Até mais... - Até! - respondeu Almir, continuando a andar. Tinha dado menos de cinco passos quando virou-se e a viu fechar a porta de casa. Ele colocou a mão no bolso da calça e tirou um papel. Olhou para ele e depois de volta para a porta, dizendo: - O cartão eu termino de escrever depois... E te entrego quando tiver coragem. Até porque você já tem seu principe encantado... O tal Cauã...