terça-feira, 24 de novembro de 2009

Faz de Conta

Ela faz de conta que entende a vida Faz de conta que entende os sentimentos Mas no fundo sente-se indefesa Perdida e abandonada Em meio a coisas sem explicação Prefere encarar o mundo com os pés no chão Aprendeu que a vida não é um faz de conta Só que, à noite, antes de dormir Ela revela seu mundo, apenas para si Um mundo diferente, de faz de conta Onde ela esquece todo o resto E faz planos, muitas vezes mirabolantes Planos que serão esquecidos No instante que o despertador tocar Fazendo com que ela acorde para o mundo real Mas, por enquanto, ela se alegra Já que terá toda uma noite acompanhada Dos seus devaneios Dos castelos Dos perigos, dos dragões e bruxas E do príncipe, que a salva Sempre antes do amanhecer E é pensando nisso que ela adormece Como a princesa de seu próprio faz de conta Sem saber que, ao mesmo tempo, No outro canto da cidade Seu príncipe de faz de conta Está olhando através da janela de um ônibus Vendo as luzes da rua passando E este rapaz sonha acordado Sem nada procurar através do vidro, Apenas com uma certeza: Em algum lugar lá fora, Mesmo que ainda não a conheça, Está a sua princesa de faz de conta Aquela que um dia Se tornará real.

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