Ela abriu os olhos lentamente ao ouvir barulho de coisas caindo, já sabendo do que se tratava.
Da posição em que estava deitada na cama, podia ver seu marido tirando o short que usava para dormir e colocando a famosa roupa azul.
- Querido, está tarde... - disse sabendo que sua tentativa de mantê-lo em casa era inútil.
- Ah, droga! - falou ele surpreso ao ouvir a voz da moça. - Desculpe, não queria acordá-la. E você sabe que eu preciso ir.
- Mas...
- Já conversamos sobre isso. Eles precisam de mim. Volto o mais rápido possível.
Ela sentou-se na cama e pegou o porta-retrato que ele havia deixado cair enquanto se trocava. Na foto, o moreno estava com seu filho sentado no pescoço e o menino se divertia puxando os cabelos do pai. Deu um sorriso e falou:
- Não esqueça que hoje é aniversário de cinco anos do John! - mas, olhando para onde o marido se encontrava, viu apenas a cortina sendo balançada pelo vento.
***
Abriu a porta da sala cuidadosamente, pois já passava das 22h. Tinha ficado o dia todo fora, tentando impedir que a cidade fosse destruída. Estava cansado e enquanto trancava a porta sussurrou:
- Aquele careca de m...
- Olha a boca, mocinho!
Ele olhou para trás e viu sua esposa sentada no sofá com seu filho dormindo no colo. O rapaz sorriu, mas ela manteve-se séria.
- Dia difícil? - perguntou ela.
- Nem me fale! Você acredita que o L...
- Você sabe que dia é hoje? - a moça o interrompeu.
Ele olhou para o calendário preso à parede... 23 de maio.
- Oh, não! Como eu pude... Eu não... Como ele está? - falou aproximando-se do garoto e passando a mão em seus cabelos.
- Você sabe como ele é... Não vai admitir pra mim que está chateado. Puxou ao pai!
- Deixe-me levá-lo para cama.
Ele então pegou o garoto no colo e o levou até o quarto. Lá, o colocou na cama, apagou a luz e ia saindo.
-Papai...
- Oi, filhão! - disse com a voz triste. - Papai te deve desculpas...
- Sim, eu sei.
- Mas você entende, né? Eu tenho minhas respons...
- Tá, eu sei, papai. Mas às vezes eu queria não ser filho de super-herói, e sim apenas filho de um jornalista.
O homem sentiu a vista marejar e um lágrima descer pelo rosto, seguida de algumas outras.
Era capaz de enfrentar vilões terríveis, evitar acidentes catastróficos e lutar por horas sem nem ao menos hesitar. Porém, naquele momento, ele percebeu que saber voar, ter visão raio x, super velocidade, super força e tantos outros poderes, não era suficiente para resolver alguns problemas, e que a felicidade daqueles mais ama não depende desses dons.
Um comentário:
Muito bom também!!!
adorei!
é sempre complicado coexistir com inumeras atividades e responsabilidades e ainda cuidar das pessoas que realmente estao ao lado... complicado mas necessario!
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