quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Maleon

O reino de Maleon estava sendo invadido. Duelos entre cavaleiros eram vistos por toda parte e o castelo estava praticamente tomado. Lá dentro, a princesa não sabia o que fazer. Corria abandonada, mas para todos os cantos que virava, via sempre um ou vários inimigos. Já estava quase desistindo e prestes a se entregar quando ouviu uma voz conhecida: -Princesa Karen! Vem! Por aqui! E avistou o Bobo da Corte, a sua esquerda, com a mão estendida. Sem muito pensar, Princesa Karen segurou a mão do rapaz e deixou-se guiar por uma passagem que nem ela mesma sabia existir no castelo. Adentraram um corredor pouco iluminado. As paredes de pedra eram cobertas por musgos, e os ratos e outros bichos passavam a toda hora por eles. O longo vestido da moça já estava sujo de lama e seus sapatos já tinham ficado para trás, na tentativa de correr mais rápido. Definitivamente não era um lugar para uma princesa, a não ser que ela estivesse tentando escapar. Aos poucos, a claridade foi aumentando, até chegarem na saída, que dava para um pequeno riacho, que passava pelo lado sudoeste do castelo, próximo a floresta, de modo que ninguém parecia estar por perto. Correram os dois, ele ainda guiando-a pela mão, até a árvore mais próxima. Lá, ele sentou-se, encostando as costas no tronco da árvore, entretanto a moça manteve-se em pé. Parecendo confusa, ela perguntou: - Por que motivo arriscaste tua vida para tentar me salvar? - Confesso que no primeiro instante pensei estar apenas ajudando à filha de meu Rei... - falou o rapaz que agora alimentava-se de um dos frutos da árvore - Mas no instante que tua mão tocou a minha, meu coração disparou. Foi então que percebi que a ti salvava pois tu és uma das poucas pessoas que riem de minhas palhaçadas, sendo elas boas ou não. Apesar de tua personalidade um tanto quanto arisca, percebi que sei exatamente como deixar-te feliz, e também como irritar-te! - olhando diretamente nos olhos dela, deu mais uma mordida no fruto e o ofereceu à princesa. - Como ousas dizer palavras tão... tão... - e parou buscando a palavra. - Sinceras? -tentou o rapaz. - Não!! Seu... Seu... Bobo da Corte! Ele apenas sorriu! E ela completou: - Quando meu pai, que por um acaso é seu Rei, souber de seu atrevimento, serás um Bobo morto. - Terás coragem de me entregar, ó, minha princesa? - zombou. - Ahh! Tu me irritas, sabias? - Eu sei! É quase um esporte para mim! Mas acalma-te... - Não... Precisas arrumar outras roupas. Como podes te esconder com estas vestes de Bobo? - Ah! Tu falas como se ninguém fosse notar que és a princesa, indepentende das roupas que vais usar! - disse, levantando e dando as costas para princesa, enquanto procurava outro fruto. - Vais querer comer ou não, Princesa Karen? Princesa? Quando virou-se, ela já estava caminhando, distante. - Vai ser mais difícil do que eu imaginava... - afirmou, respirando fundo e apertando o passo para alcançá-la.

Um comentário:

Ana Abreu disse...

A maioria das coisas que realmente fazem sentido ou que realmente importam nesta vida são dificeis...
isso é certo, nada de grandioso cai em nossas mãos como um fruto maduro de uma arvore, é preciso tempo, luta, persistencia e até um pouquinho de sorte!
ou fé! mas ao final quem sabe neh?
rsrs
adoro seus textos
parabéns!