terça-feira, 30 de setembro de 2008

Ilusão

Estava sempre acostumado a ficar rondando-a. Às vezes, passava horas e horas assim, perto, só observando, como que enfeitiçado, sabendo que ela sempre sumia de uma hora para a outra. Mesmo assim, ele nunca deixava de estar lá com ela, pois, assim como sumia, ela sempre aparecia novamente. Ela nunca falava, e também não era preciso, pois ele aprendeu também a não falar e aproveitar cada momento se deliciando com a visão que tinha. E, até sem nada falar, ele tinha convicção de que ela era quem mais o conhecia. Mas dessa vez foi diferente. De longe ele a avistou e, como de costume, foi na direção dela sem se importar com mais nada. Já estava exaltado só de pensar que ficaria ao lado dela, admirando novamente, e na beleza estonteante da mesma. Mas foi traído. Quando chegou perto sentiu o ambiente estranho. Não demorou muito para que sentisse seu corpo gelar. O que era aquilo? Algo o estava impedindo de chegar até sua querida. Algo que ele não tinha idéia do que era, mas sabia que não o fazia bem. Tentou escapar, porém sem sucesso, já que seus movimentos eram inúteis. Debateu-se, gritou, pediu por socorro, mas nada funcionava. Ao olhar para os lados viu que outros, como ele, também estavam ali, mas pareciam conformados ou inertes. Ficou exausto de tentar, desistiu e, assim, deixou que a vida saísse de seu corpo lentamente, triste e sem entender por que ela tinha feito isso com ele. Acabou. Agora era apenas mais um mosquitinho traído pela tática humana do reflexo da luz no balde d'água.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O futuro não é mais como era antigamente

11 de setembro de 2001. Chego em casa por volta das 9:30 da manhã, voltando do curso de inglês, e encontro minha irmã sentada, em frente à TV, um tanto chateada. - O que houve? – pergunto eu. - Ah... Poxa... Cortaram o desenho pra mostrar a notícia de um avião que bateu em um prédio nos EUA. No primeiro momento, não me interessei muito e fui trocar de roupa. Mas quando voltei para o quarto, a televisão ainda mostrava a mesma reportagem. Foi aí que comecei a prestar atenção. Enquanto a TV mostrava imagens ao vivo do local do acidente, os repórteres falavam que o avião colidiu com uma das Torres Gêmeas, um dos mais importantes prédios comerciais de Nova York. Então, o que menos se esperava aconteceu: um outro avião colidiu com a outra Torre Gêmea, durante a transmissão, ao vivo! Só então começou a se cogitar a hipótese de atentado terrorista. Atentado terrorista? O que é isso para um menino de 13 anos? Esse fato se juntou a poucos que aconteceram anteriormente, durante minha vida, e que me fizeram ver o mundo de uma forma diferente, a mais imperfeita possível, diferente da forma que qualquer criança imagina. O que estava acontecendo? Por quê alguém faria algo assim? Nada fazia sentido para mim. Toca o telefone. Minha mãe pede para falar comigo. - Rafa, tá vendo televisão, né? - To, mãe... - É, meu filho, ataque terrorista... É o início da Terceira Guerra... – ela disse em uma previsão pessimista. Fiquei perturbado com aquelas palavras. Mas, pela primeira vez percebi que estava vendo a História ser escrita.Foi então que ouvi uma frase, já não lembro se foi na TV, ou foi minha mãe que disse, ou ainda se foi fruto de minha imaginação. O que importa é que ainda ouço ela ecoar em meus ouvidos, como naquele dia 11 de setembro de 2001: “O futuro não é mais como era antigamente”.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Edmundo deixa o Vasco

Com a performance do Animal, ontem, após a derrota para o Cruzeiro, Edmundo despertou o interesse de outro clube e deve anunciar sua saída do Vasco ainda hoje. Uma proposta irrecusável foi feita a ele pelos dirigentes do Botafogo: Edmundo receberia uma bonificação, não por cada gol feito, mas sim por cada lágrima derramada. Se for para chorar, ele estaria indo para o lugar certo... Ou estariam Vasco e Botafogo trocando de papéis? Botafogo o novo vice e Vasco o novo chorão? O tempo dirá. (Notícia fictícia! Não me precessem!)

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Confissão

Eu não queria que fosse assim... Queria que fosse tudo diferente! Mas quando ele, em um piscar de olhos, me abandonou e me lançou no mundo, eu fiquei sem saber o que fazer. Sem saber para onde ir, desnorteada. Apenas deixei as coisas acontecerem: as pessoas foram passando, o tempo foi passando. Eu apenas via o mundo a minha volta, mas era incapaz de parar. Não queria que fosse assim. Precisava me sentir acolhida. Queria alguém que me fizesse esquecer tudo, me sentir bem! E encontrei. Bruno, um universitário de 22 anos. Mas não era para ser do jeito que foi... Logo no início, pensei que, finalmente, tinha encontrado meu lugar. Porém, logo percebi a forma preocupada que as pessoas olhavam para nós dois, em especial para ele. Então, notei que algo estava errado. Quando me deixei entrar no coração de Bruno, não imaginava que poderia machucá-lo tanto e até abalar a vida de muitos a sua volta. Não queria... Nunca foi o que quis... Você precisa acreditar em mim! Ele tinha tanta coisa ainda pela frente! Como fui capaz de fazer isso?! Perdoem-me! Eu nunca, NUNCA, quis ser uma bala perdida.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Quem resiste?

Ele já estava cansado! Toda vez era a mesma história: ela conseguia tudo que queria dele. Mas ele estava decidido a agir diferente da próxima vez. Foi aí que ela se aproximou. Os cabelos castanhos, levemente encaracolados, balançando de forma suave devido à brisa que entrava pela janela. Isso já seria suficiente para deixá-lo encantado, mas, então, aqueles olhos cor de mel fitaram os seus profundamente. “Nossa! Não me lembro dela ter me olhado assim antes!” – pensou e já estava totalmente entregue, deslumbrado. E como se não bastasse, ela ainda continuou indo em sua direção, até chegar e sentar em seu colo. Deu-lhe um beijo carinhoso na bochecha e disse: - Papai, eu te amo! – e repousou a cabeça em seu peito. Pronto... Não tinha mais jeito. Ele suspirou, abriu aquele sorriso bobo e respondeu: - Papai te ama mais que tudo, filhota! E pensou: “Ainda bem que desta vez ela não pediu nada! Porque, desse jeito, era capaz de eu dar o mundo para ela!” A menina se aconchegou no colo do pai e, serenamente, comentou: - Você já viu a nova coleção de bonecas da SonyDolls? Tem uma que consegue... E enquanto a menina falava sobre cada uma das bonecas e cada um de seus acessórios, o pai apenas relaxou, curtiu o momento e pensou: “Alguém resiste a uma menininha de 5 anos?? Ou melhor... minha menininha de 5 anos!”