terça-feira, 30 de setembro de 2008

Ilusão

Estava sempre acostumado a ficar rondando-a. Às vezes, passava horas e horas assim, perto, só observando, como que enfeitiçado, sabendo que ela sempre sumia de uma hora para a outra. Mesmo assim, ele nunca deixava de estar lá com ela, pois, assim como sumia, ela sempre aparecia novamente. Ela nunca falava, e também não era preciso, pois ele aprendeu também a não falar e aproveitar cada momento se deliciando com a visão que tinha. E, até sem nada falar, ele tinha convicção de que ela era quem mais o conhecia. Mas dessa vez foi diferente. De longe ele a avistou e, como de costume, foi na direção dela sem se importar com mais nada. Já estava exaltado só de pensar que ficaria ao lado dela, admirando novamente, e na beleza estonteante da mesma. Mas foi traído. Quando chegou perto sentiu o ambiente estranho. Não demorou muito para que sentisse seu corpo gelar. O que era aquilo? Algo o estava impedindo de chegar até sua querida. Algo que ele não tinha idéia do que era, mas sabia que não o fazia bem. Tentou escapar, porém sem sucesso, já que seus movimentos eram inúteis. Debateu-se, gritou, pediu por socorro, mas nada funcionava. Ao olhar para os lados viu que outros, como ele, também estavam ali, mas pareciam conformados ou inertes. Ficou exausto de tentar, desistiu e, assim, deixou que a vida saísse de seu corpo lentamente, triste e sem entender por que ela tinha feito isso com ele. Acabou. Agora era apenas mais um mosquitinho traído pela tática humana do reflexo da luz no balde d'água.

Um comentário:

Ana Abreu disse...

Nossa que criatividade!!!!
com uma certa ambiguidade de sentidos por um lado um final meio ironico e inesperado, por outro lado me pergunto o que haveria nestas entrelinhas? o que mesmo este autor quis nos passar?
hauhauaha
acho que bem mais que um mosuitinho enganado não eh mesmo?
ainda não escrevi meu texto mas assim que eu conseguir me livrar de economia escrevo e te mando em primeira mão.
bjus