"O tempo é implacável."
Foi essa frase que ouviu do avô algum tempo atrás. E hoje percebe a profundidade dela.
Passou o tempo em que as preocupações se resumiam a trabalhinhos da escola, descobrir como passar de fase no video-game, achar a melhor formação tática para o time de botão ou saber se poderia dormir na casa do tio no fim de semana.
As preocupações hoje são mais sérias (note que eu digo "mais sérias" e não "mais difíceis", já que a dificuldade era bem grande!).
Talvez ele possa se comparar ao comandante de um exército. Tem missões para cumprir e, para isso, conta com a ajuda de seu exército de amigos e familiares. Este seu exército teve algumas baixas durante o percurso, seja por impossibilidade ou por desistência, mas a verdade é que teve admissões suficientes para "completar o time".
Assim como alguns soldados o decepcionaram, sabe que também decepcionou outros, entretanto são questões que ficam para trás, ou pelo menos ficarão até serem resolvidas.
Mas, voltando às missões (ou preocupações), hoje ele tem que lidar com dinheiro, estudos, trabalho, sentimentos, etc.
Talvez, para ele, dos destacados, o mais complicado seja o último: sentimentos.
Mas, para quem derrotou Robotnik e tirou conceitos máximos no primário, lidar com a raiva, a revolta, a alegria, a tristeza deve ser moleza, né? Pois é, só que o que o aflige é outro sentimento.
Observe: ele passou horas e horas de sua infância jogando botão sozinho em seu quarto; era, como ele próprio chamava, o treinamento. Foi difícil demais, mas ele adorava. Sofreu derrotas e mais derrotas nos campeonatos para o tio (normal de se esperar), para os primos e demais participantes. Mas não abaixou a cabeça diante disso. Continuava jogando sozinho em casa, a fim de melhorar. Até "titulares x reservas" ele fazia. Foi quando descobriu o 3-5-2, sistema tático que ele usou para dar mais equilíbrio nas partidas dos campeonatos. E funcionou: ele conseguiu ser campeão em dois dos oito campeonatos "oficiais" que disputaram.
E há quem diga que criança não tem preocupações! Mas essa ele venceu.
Agora, lembra-se do sentimento que eu falei que o afligia? Pois então, para ele não há treinamentos, não há "titulares x reservas", não há esquema tático que resolvam. Ele simplesmente chega e pronto. E, acredite, não há 3-5-2 que facilite. Apesar da dificuldade de ser campeão de botão ter sido enorme, ela não se compara à dificuldade de ter inspiração.
Não deixou de ser menino, mas tornou-se homem. Um homem com jeitão de criança, que raras vezes deixa transparecer suas preocupações. Um menino (ou seria homem?) com saudades dos campeonatos de botão. Um homem (ou seria menino?) em busca de inspiração.
Um comentário:
so tenho uma coisa a dizer.. vc escreve muito bem caraa!!!
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