sábado, 26 de setembro de 2009

Descobrir-se

Quem está acostumado a ler o que escrevo sabe que eu tenho um estilo - se é que assim posso chamar - um tanto quanto "literário", sempre "criando" situações, histórias a serem contadas, com a finalidade de expressar meus pensamentos. Contudo, não nego que sou fã do estilo no qual o autor diz tudo o que pensa sem precisar de personagens, situações, etc, apesar de não me ver capaz de escrever algo desta forma. Por isso, desde já peço desculpas, tendo em vista que este é um texto que não se enquadra no padrão de escrita que estou mais familiarizado, logo, mais propenso à baixa qualidade. Mas vamos ao que interessa (ou não). Às vezes, quando estou inquieto, escolho um de meus livros, o abro em uma página qualquer e leio a primeira frase na qual meus olhos batem. Hoje, segui o "ritual" e Luis Fernando Veríssimo não poderia ter me dito uma frase melhor que essa: "Um homem só se conhece em duas situações: quando está sob a ameaça de uma arma ou quando quer conquistar uma mulher". Faz sentido. É quando o homem está diante de uma possibilidade de tragédia que ele age com sua própria essência, levando-o a um lampejo de coragem, a se revoltar ou, quem sabe, se acovardar. É quando um homem quer conquistar uma mulher que ele pode descobrir ser daqueles que só quer conquistá-la para aumentar sua lista, para massagear seu ego, e se percebe capaz de usar artifícios a seu favor, a fim de esconder quem realmente é. Mas, por outro lado, também é tentando conquistar uma mulher que um homem age muito sem pensar, no impulso, e isso pode revelar algumas de suas características, como a alta capacidade de falar bobagens na frente dela, a vergonha, talvez a criatividade e, se o que ele sente for algo verdadeiro, com certeza ele se pegará dando o melhor de si, apesar de algumas de suas atitudes serem taxadas como loucura. Ele descobrirá que sente-se só quando está longe dela, porém estar perto da mesma não aliviará sua solidão, pois ela ainda estará distante, até que seja conquistada. Descobrirá que coisas simples o deixam feliz, como um olhar, uma palavra qualquer, um jeito de andar, um sorriso e até mesmo uma pintinha na ponta do nariz. Só que, ao mesmo tempo, perceberá que diante dela é tão vulnerável quanto diante de um revólver; talvez se revele assustado e se julgue incapaz. O certo é que, mesmo que sem intenção, o homem reflete seu verdadeiro ser em suas ações diante das situações de risco (e aqui englobo estar sob a mira de uma arma e tentar conquistar uma mulher), por mais que descubra algo que não o agrade e que ele lute contra. Falo com a autoridade de quem viu um tiro entrar em sua sala após quebrar a janela, e de quem, da forma mais sincera, tem a esperança de um dia conquistar a dona da pintinha no nariz.

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