segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Amor pré-histórico
Há milhares de anos atrás, viveu um homem das cavernas. Na verdade, muitos deles, mas nenhum que se encaixasse tão bem nesta descrição quanto o protagonista desta história.
Enquanto os outros passavam o dia envolvidos em suas atividades (note que não existia TV e muito menos internet!), este, em particular, ficava sozinho na caverna. E não se tratava de ser rejeitado pelos demais, os quais sempre o estavam chamando para fazer algo, mas sim de uma opção própria: ele acabava por passar o dia analisando os desenhos que os outros fizeram nas paredes, na noite anterior.
Também não se tratava de não gostar da companhia dos outros, pelo contrário, ele sempre adorou estar com seus companheiros. Só que, nos últimos tempos, nada durante o dia fazia sentido para ele. Nem caçar, nem pescar, nem nada mais. Isso porque ela não estava lá durante o dia.
Porém, à noite era diferente.
Se para os outros a noite era apenas um período em que tudo estava escuro e que só servia para descansar, para o nosso protagonista a noite era o momento em que tudo fazia sentido, pois ela vinha ao seu encontro, fazendo tudo ficar claro para ele. E nada mais ele queria, só a Lua. Seria capaz de ficar o dia todo admirando a beleza, a simplicidade e a tranquilidade dela, entretanto, tinha apenas a noite para isso. Sem contar as noites que ele não conseguia encontrá-la: eram noites torturantes, nas quais ele vagava sem destino, sempre procurando por ela, sem se importar se chovia ou se o frio aumentava, até a hora de voltar para a caverna.
Diz a lenda que esta foi a primeira vez que um homem se apaixonou e que, a partir daí, tendo ele dividido seus sentimentos com os outros, todos estariam sujeitos (ou até destinados) a isso.
Só que a lenda não explica uma coisa: como pode um homem se apaixonar pela Lua, algo tão diferente e tão distante dele?
Acredito que ninguém dê uma resposta convincente.
Mas, lembrar-lhes-ei que hoje o homem já consegue chegar à Lua.
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