terça-feira, 10 de março de 2009

La Bela de Jour

Era uma vez uma horta. Mas não qualquer uma. A mais bela horta que alguém poderia encontrar. Sua diversidade e beleza impressionavam qualquer um que para ela olhasse. Era comum encontrar viajantes a admirando durante horas, porém, nem mesmo isso fazia com que a horta se sentisse superior a qualquer outra coisa. Sentia-se feliz. Entretanto, começou um período de chuvas. No início, a horta achou maravilhoso! Era bom ter a chuva para lhe refrescar e dar ainda mais vida. Só que as chuvas não cessaram, pelo contrário, se intensificaram, e os fortes ventos, tempestades e alagamentos feriram a horta, que ficou triste, desgastada. Ninguém mais parava para olhá-la. *** Era uma vez um gambá. Mas não qualquer um. O gambá mais peralta e brincalhão que alguém poderia encontrar. Vivia sempre tentando fazer rir quem estava a sua volta. Algumas vezes tinha sucesso, outras não, mas sempre sentiu que faltava algo. Até que, um certo dia, uma de suas típicas brincadeiras irritou seriamente algumas pessoas, e isso deixou o gambá muito triste e deprimido, afinal, o intuito de suas brincadeiras era deixar os outros felizes e não chateados. Com esse acontecimento, o gambá decidiu deixar o lugar onde morava e ir sem rumo pelo mundo. *** O sol brilhava, naquela tarde, como há muito tempo a horta não via, mas, mesmo assim, ela continuava triste.Imersa em sua tristeza, levou um susto quando ouviu: - Boa tarde, bela horta. - Bela horta? Não vê que estou destruída? - Parece bela para mim... Mas sou um simples gambá que não consegue levar felicidade às pessoas. A horta riu da maneira como o gambá falava e isso animou um pouco o pequeno animal, que saiu correndo para longe. - Ei! Aonde você vai? Não fuja! - Eu já volto! E, alguns minutos depois, estava o gambá de volta, jogando alguma coisa por toda a horta. - O que é isso? – indagou a horta curiosa. - Sementes... Se você permitir, sei que podemos deixá-la até melhor do que era antes. A horta deu um sorriso irônico e completou: - Eu duvido... Os dias foram passando e toda tarde o gambá aparecia para jogar água na horta, cuidar dela. Conversavam por horas e horas seguidas e se divertiam juntos. O tempo passava rápido nas tardes para os dois e, à noite um sentia falta do outro, e os minutos pareciam mais longos. Depois de algum tempo, a horta estava como antigamente, bela e causando admiração a quem a olhava. Foi nesse dia então que o gambá ficou triste. - Bom, bela horta, eu disse que deixaria você como antes... Missão cumprida, agora seguirei meu caminho. O gambá já estava indo embora quando ouviu: - Fica comigo. - O que disse, bela horta? - Eu disse para você ficar comigo. Jamais serei tão bela quanto sou quando você está junto de mim. O gambá sorriu, de forma sincera, e disse: - Eu fico, mas só porque jamais serei tão feliz quanto sou quando estou junto de ti, bela de jour. Porém, quero saber até quando você irá me agüentar... - Até o infinito e além! E viveram felizes para sempre!

Um comentário:

Ana Abreu disse...

oh gambá!
rsrsrs
ótimo texto.
Me impressiono toda vez que venho aqui ver se há algo de novo...
você consegue com muita facilidade colocar sentimentos tão intensos em histórias tão pequenas, imagine quando escrever algo maior...
ja disse que serei a primeira da fila na noite de autógrafos?
bem terei que chegar bem cedo, eu sei, mas estarei lá.
rsrsrs
bjus