sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Sonho de criança
O Natal de 1998 se aproximava e Juan viu-se, mais uma vez, indagado por sua mãe a respeito do que ele queria de presente.
A resposta foi a mesma que ele sempre dava nessas ocasiões:
“Ah... Não sei... Qualquer coisa está bom.”
Neste ano, porém, confessou a seus primos, em uma de suas conversas de criança, que se pudesse escolher qualquer coisa, independente de seu valor, optaria por um PlayStation.
Mas não dizia nada do tipo diretamente para sua mãe.
Conforme a noite do dia 24 de dezembro se aproximava, mais ela o perguntava, e suas conversas quase sempre acabavam em:
“Assim fica difícil! Você vai acabar sem ganhar nada!”
Só que Juan não ligava.
***
Meia-noite da madrugada do dia 24 para o dia 25.
Seus primos já abriam seus respectivos presentes de forma animadora quando sua mãe chegou até ele e entregou-lhe um envelope.
Dentro havia um cartão com os seguintes dizeres:
“Parabéns!! Você ganhou um Vale-PlayStation!”
Juan não se conteve e começou a chorar.
Todos achando que era pelo fato de não ter ganho realmente um presente.
Nisso sua mãe entra na sala novamente carregando uma caixa e diz:
“Meu filho, não chora! Você acha mesmo que eu não te daria um presente de Natal?”
Ainda chorando, Juan abre a caixa e se depara com um PlayStation.
Isso o faz chorar ainda mais, deixando os demais presentes sem entender nada.
Até hoje, ainda acham que Juan chorou por ter pensado que não ganharia presente naquela noite, entretanto, ele sabe que o motivo não foi esse.
Chorou ao ler o cartão por pensar que, apesar de todas as dificuldades, sua mãe estaria abrindo mão de muitas coisas para que ele, mesmo que não naquela noite, pudesse ter o presente que tanto queria. E chorou mais ainda ao ver que ela já tinha comprado seu sonho de criança.
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Sempre sem querer
Quinze metros.
Foi essa a distância exata entre eles dois quando se viram.
Ambos com seus fones nos ouvidos, seguindo em direções opostas, um de frente para o outro.
Já se conheciam havia tempo, logo, esse seria apenas mais um encontro casual naquele dia.
No ouvido dele tocava a música Unintended, do Muse; no dela, Always, do Bon Jovi.
Por algum motivo continuavam se olhando.
Faltavam 8 metros.
"I'll be there as soon as I can
But I'm busy mending broken
Pieces of the life I had before"
Ouvia ele.
"If you told me to cry for you, I could.
If you told me to die for you, I would!"
Ouvia ela.
E seus olhares ligados.
Um metro e... troca de sorrisos.
Passaram um pelo outro, seguindo seus caminhos.
O coração dele apertado. Não podia tê-la.
O dela feliz. Sabia que ele a queria, era só ela querer... Ou não.
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Fala, vascaíno!
"ONTEM, VENDO UM PROGRAMA DE ESPORTES PAULISTA, ME DEPAREI COM UMA DEMONSTRAÇÃO DE DEBILIDADE MENTAL DO SR. EUVÍRUS MIRANDA, AMEAÇANDO ACABAR COM A VIDA PROFISSIONAL E PESSOAL DO MAIOR ARTILHEIRO DE BRASILEIROS, O ATLETA QUE TANTO HONROU NOSSA CAMISA, COLOCOU O VASCO ENTRE OS GRANDES TIMES DO BRASIL E ATUAL PRESIDENTE, DE FATO E DE DIREITO, ROBERTO DINAMITE.
ESTE CIDADÃO (EUVÍRUS) NÃO TEM O MÍNIMO DE CREDIBILIDADE JUNTO A OPINIÃO PÚBLICA, POIS, QUANDO ASSINOU UM CONTRATO COM O VASCO JUNTO AO NATIONAL BANK, ASSEGUROU QUE SERIAMOS UMA POTÊNCIA EM TODOS OS ESPORTES EM POUQUÍSSIMO TEMPO (SERÁ QUE ERA O DUALIB CARIOCA?). INVESTIMOS ATÉ EM ESPORTES OLÍMPICOS; GASTAMOS POR CONTA DO PATROCINADOR. E O ÚLTIMO TÍTULO NOSSO FOI UM ESTADUAL EM 2003 E VÁRIOS VICES PARA O FLAMENGO.
NOS ÚLTIMOS ANOS, O MEU QUERIDO VASCO FOI TRANSFORMADO EM UM BALCÃO DE NEGÓCIOS (UMA BARRIGA DE ALUGUEL). JOGADORES VALORIZADOS, COMO OS GOLEIROS HÉLTON E FABIO, OS LATERAIS JORGINHO (QUE SOFREU ACUSAÇÕES LEVIANAS POR PARTE DO EUVIRUS) E FELIPE, O ZAGUEIRO FABIANO ELLER, OS MEIAS JUNINHO PERNAMBUCANO E PEDRINHO, O ATACANTE EULLER E MUITOS OUTROS SAIRAM DE GRAÇA. E O CLUBE TINHA SEUS COFRES PILHADOS POR ESTA QUADRILHA, QUE SE SERVIA DO CLUBE PARA SEU BEM ESTAR PESSOAL. ELEIÇÕES ARMADAS, FAJUTAS ONDE QUALQUER UM RECEBIA UMA CARTEIRINHA PARA VOTAR E GARANTIR A BANDA PODRE NO VASCO.
CHEGA DE HIPOCRISIA, DE DEMAGOGIA POR PARTE DE PESSOAS QUE NÃO TEM AMOR AO CLUBE! DEIXE O VASCO PARA OS VASCAINOS!
ROBERTO ENCONTROU UM CLUBE SEM UM TOSTÃO E SEM CREDIBILIDADE JUNTO AOS INVESTIDORES E JÁ RECEBEMOS O PATROCINIO ATÉ 2009. NA GESTÃO ANTERIOR, ESTÁVAMOS COM UMA MÃO NA FRENTE E A OUTRA ATRÁS. MAS COMEÇOU UM TRABALHO SÉRIO, ÉTICO, LIMPO E TRANSPARENTE CUJO O ÚNICO OBJETIVO É COLOCAR O VASCO NO SEU LUGAR DE FATO E DE DIREITO.
EM TEMPO, O TIME QUE ESTÁ NO BRASILEIRO NADA MAIS É DO QUE UMA HERANÇA MALDITA DO EUVÍRUS, ENTÃO FAÇA UM BEM AO FUTEBOL: CALE A BOCA, EUVÍRUSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS!"
por Rodrigo Mesquita Ramos, vascaíno
Obs: Deixei o texto na formatação que me foi enviada, por isso as letras garrafais.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Arquivo do Mengão - Documento II
Corria o mês de abril de 1999. O Flamengo acabara de vencer o Grêmio, em Porto Alegre, e eu voltava para o centro da cidade de ônibus, incógnito e feliz entre gremistas desolados.
De tão lento o trânsito parou. E, sem que eu percebesse imediatamente a causa, os lamúrios tricolores se transformaram em revolta. Todos apontavam para a rua, onde um torcedor do Flamengo caminhava sozinho, em silêncio, vestindo uma velha camisa rubro-negra.
- Canalha! Pega ele!, gritavam os gremistas do ônibus, sendo atendidos pelos gremistas que estavam nos carros parados.
Logo o rubro-negro estava cercado por vinte, trinta tricolores, que tentavam arrancar-lhe a camisa. E quanto mais o rubro-negro resistia, mais os tricolores ficavam violentos, distribuindo socos e pontapés, rasgando em muitos pedaços a camisa que não foi tirada ante meras ameaças. A camisa rasgada não impediu que o rubro-negro anônimo tentasse juntar os seus pedaços, que eram rasgados em pedaços menores ainda pelos gremistas, ações saudadas como se fossem gols tricolores em Gre-Nal.
O rubro-negro já tinha marcas de sangue pelo corpo quando passou a Brigada Militar, dissipando os agressores.
Logo só estava na rua o rubro-negro ferido, e espalhados pelo chão pontos de sangue e retalhos de pano vermelho e preto.
Irá ao hospital, pensei, ou chamará pela Brigada que passou e não se ateve ao fato.
Mas era um rubro-negro, e ele saiu catando os pedaços da camisa, um a um, até reuni-los em uma das mãos. Observado pelos gremistas do ônibus, não lhes dirigiu sequer um olhar de raiva. Beijou os panos amontoados, segurou-os orgulhosamente contra o peito e se foi, carregando pelas ruas de Porto Alegre os restos imortais de seu Manto Sagrado. E sorria. Eis o mistério da nossa fé.
(Autor desconhecido)
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Olhos
Estes olhos me perseguem. Estão por toda parte.
Lembro da primeira vez que os vi. Ali, fitando-me daquela forma única.
São olhos que em um instante choram, sem explicar por quê, apenas choram.
Mas, no instante seguinte, transmitem a felicidade, como uma criança ao ganhar um presente.
E depois de momentos, antes inimagináveis, agora os vejo sempre, mesmo eles estando longe.
No trânsito, no trabalho, em casa, deitado antes de dormir.
São olhos difíceis de se descrever.
Sinceros e duvidosos.
Infantis e maduros.
Escuros e claros.
Não consigo interpretá-los.
A cor? É própria deles. Nada tem a cor deles.
Parece que esta cor foi criada exclusivamente para eles.
Estão sempre lá.
Apesar de eu saber que posso nunca mais voltar a vê-los realmente.
domingo, 12 de outubro de 2008
Separados por uma Brasília Amarela
À esquerda temos Júlio Rasec, integrante do grupo Mamonas Assassinas. E à direita, Juan, lateral do Flamengo e da seleção brasileira.
Ambos trazem muito boas lembranças a esse que vos escreve.
Saudades do Júlio e dos Mamonas.
E sei que um dia sentirei saudades do Juan, talvez só pelo simples fato de ele ir jogar na Europa.
Neste Dia das Crianças, trago aqui duas personalidades que, no caso do Júlio, mesmo muito tempo depois, fazem a alegria dos "baixinhos".
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Arquivo do Mengão - Documento I
Orgulho de ser rubro-negro
Por Bussunda
"Meu orgulho de ser rubro-negro começa pelo orgulho de ser carioca.
Não dá para negar que a paisagem mais bonita e mais emocionante da Cidade Maravilhosa é a entrada no Maracanã no dia de uma decisão do Mengão. O contraste da escuridão do túnel que leva às arquibancadas, ou o silêncio dos elevadores sociais para o Maracanã lotado e brilhando em vermelho e preto é de arrepiar qualquer torcedor.
Continua pelo orgulho de ser brasileiro e fazer parte da maior torcida do mundo, do time que foi mais vezes campeão brasileiro, no país do futebol.
Não preciso nem falar de Zico e companhia, do fato de todos os astros internacionais que nos visitam fazerem questão de usar o manto sagrado, nem da pichação: "MENGÃO CAMPEÃO DO MUNDO", que eu vi num muro em Chartres, no interior da França.
Quem é Flamengo é Flamengo até morrer, em qualquer lugar do mundo. E faz questão de acompanhar seu time, seja no Rio, em Tóquio, ou em qualquer local que o Rubro-Negro jogue. Torcedor do Flamengo que se preze faz questão de bater no peito e dizer com o maior orgulho: "Os outros que me perdoem, mas sou Flamengo e não abro".
Para saber o que é isso, basta ir ao Maracanã em qualquer jogo do Mengão. A emoção de ver aquela galera maravilhosa cantando e gritando palavras de ordem emociona até quem não gosta do Flamengo. Já vi muita gente chorar ao passar por essa experiência.
É por isso que a torcida rubro-negra é chamada de nação. Uma nação com muito orgulho de ser Flamengo.
Não tem jeito. As torcidas adversárias têm razão. Os rubro-negros são muito metidos abesta
E, convenhamos, com toda razão..."
Aviso
Começarei hoje uma série de postagens (talvez não de forma seqüencial) com textos ou citações, de pessoas famosas ou não, a respeito do Flamengo. Que me desculpem os vascaínos, os tricolores, os botafoguenses e todos os torcedores dos demais times, mas esse é especial e merece isso.
Não fiquem chateados... Experimentem a sensação de ler o que, até mesmo os "não-flamenguistas", escrevem sobre o rubro-negro.
Abraço à todos e saudações rubro-negras (a imparcialidade que se dane!)
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