segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O Brasil de ouro

Por ROBERTO VIEIRA “Agora que os Jogos chegam ao seu final; agora que o sonho de ouro transforma-se em realidade, uma constatação: A Olimpíada é profundamente injusta. Porque nas Olimpíadas o Brasil não pode levar o que tem de imbatível. Você pensou em Futsal e Corrida de Jerico? Também. Mas a gente não pode esquecer nossas outras modalidades de ponta. Na categoria políticos corruptos não teria pra ninguém. Ainda mais em ano de eleição. Seríamos ouro, prata e bronze, embora político corrupto exista em cada um dos 204 países membros do COI. Mas nenhum com nosso know how. Menor abandonado? Campeões. Favelas? Nós somos o Bolt das favelas. Os Michael Phelps do desmatamento. Prostituição infantil? Recorde em cima de recorde nas estradas deste país varonil. Sofrimento nas filas dos hospitais? Um duelo de gigantes com o restante do terceiro mundo. Que seriam desclassificados pois a maioria não tem sequer hospital. CPIs que terminam em pizza? Ouro! Telefones ilegalmente grampeados? Ouro! Ouro! Ouro! Pois é. Não é que o Brasil se prepare mal para os Jogos Olímpicos. Os Jogos Olímpicos é que insistem em promover a natação, a ginástica, o atletismo. Quem sabe em 2016 no Brasil a gente vire a mesa. Com uma ajuda do Caixa 2.” Agora, o que eu penso: Muito bom o texto do Roberto Vieira... Mas o que é feito por nós para mudar? Enquanto nossos telejornais e algumas emissoras dedicavam, no mínimo, 85% de seu tempo para discutir a derrota da seleção masculina de futebol, a queda de Diego Hypolito, a prata do vôlei masculino, o sumiço da vara de Fabiana Murer e tantos outros fatos ocorridos do outro lado do mundo, aqui, “do nosso lado”, uma mulher, grávida de sete meses, era baleada e perdia seu bebê, um padre era esfaqueado após uma tentativa de assalto, criminosos invadiam posto policial e matavam um PM. E estes acontecimentos foram só no último fim de semana, imaginem o que não ocorreu durante os 15 dias de competição. Coisas importantes no nosso país foram deixadas de lado pelo noticiário. E o que nós – sim, eu me incluo nessa - fazemos quanto a isso? Simples... Sentamos em frente à TV torcendo para o Brasil, passamos madrugadas em claro, e alguns discutem nas mesas de bar sobre os 8 ouros de um, o choro de outros. E o mais importante: a maioria de nós esquece de problemas tão alarmantes acontecendo a nossa volta. Entendo que parte da imprensa resolva criticar o país agora. Afinal, é como se essa parte – e muitos de nós, também - estivessem acordando de um sonho, o “sonho olímpico”, e voltando a realidade. Realidade esta que não deveria ter deixado de ser prioridade, mas já que o foi, acabou por tornar-se um meio de crítica para o desempenho, abaixo do esperado, da delegação brasileira em Pequim. Afinal, alguns - não preciso citar nomes de empresas - investiram uma quantia bem grande para ter as melhores transmissões, as melhores notícias, e nossos atletas não teriam correspondido à altura. O Brasil seria ouro, individual e por equipes, em mais uma modalidade: crítica após enaltecimento, em dois estilos, ao país e aos atletas. E, como diria a Xuxa: Beijing, Beijing, tchau, tchau! (Obs: o texto de Roberto Vieira foi retirado, na íntegra, do blog do mesmo.)

Um comentário:

Anônimo disse...

aneiro
uma visão bem critica da nossa realidade mas verdadeira infelizmente.
E com este texto me senti ate uma idiota acordando de madrugada...vc tbm neh? rsrs
bjus