No
meu tempo, eu achava exagerado quem usava a expressão "no meu
tempo"...
No meu tempo, falar "no meu tempo" era uma tentativa de enaltecer o
passado. Hoje, parece ter o objetivo de ridicularizar o presente.
Sim, essa ridicularização acontecia também no meu tempo, só que, lá, quem dizia
"no meu tempo" na tentativa de ridicularizar o então presente, não
levava em consideração que o mesmo seria enaltecido por meus coetâneos, os
quais, aos poucos, começariam a sentir (talvez por uma imposição cultural ou
social) a vontade de fazer uso da sentença "no meu tempo" (que,
"trocadilhando", quase condena o tempo presente, tendo o pretérito
como promotor deste metafórico julgamento).
Tornei-me - precocemente, confesso - mais um nomeutempista. E prefiro acreditar
que, quando desempenhada da forma correta, esta não seja uma classificação
negativa.
Pois o que preocupa de verdade, mais do que reclamar (e isso eu faço como
ninguém) do tempo em que vivemos, é a possível falta de argumento dos
nomeutempistas do futuro.
Pense nisso! Se você já é nomeutempista, traga as coisas boas que viveu no
ontem para o hoje. Talvez seja essa a principal função dos nomeutempistas e
ainda não foi descoberta pela maioria. Se você ainda não é nomeutempista, viva
o hoje de maneira a ter boas lembranças, das quais terá prazer de falar, contar
e, com elas, ajudar a construir o futuro presente que viveremos.
O grande paradoxo é ser nomeutempista em busca da extinção dos nomeutempistas,
em busca de um tempo, por enquanto utópico (e utópico eu também sou bastante),
no qual passado, presente e futuro serão tempos de todos.
No meu tempo, nós podíamos mudar o mundo. Espero a chegada do dia em que
ouviremos "No meu tempo, nós mudamos o mundo".
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