O último dia do ano sempre deixa as pessoas reflexivas. É um tal de "que venha o Ano Novo, cheio de mudanças, alegria, saúde" e blá blá blá... Parece até que o ano que termina foi uma porcaria só! A tendência é que lembrem só das coisas ruins e que querem mudar; esquecem sempre as coisas boas! Parece que quem manda nos pensamentos da galera no dia 31 de dezembro é o editor da Retrospectiva do Globo Repórter. E, pior, que editor da Retrospectiva do Vídeo Show nem chega perto desta seleção pessoal de acontecimentos...
Mas será que o ano que acaba é sempre ruim assim? Usemos 2012 como exemplo.
Teve praia em janeiro. Mas todo ano tem isso.
Teve samba em fevereiro. Mas todo ano tem isso. De diferente, só o maluco de São Paulo rasgando as notas das escolas de samba.
Teve chocolate em abril. Mas todo ano tem isso. E boa parte esquece que, ao contrário do que Roberto Carlos nos disse nos últimos meses do ano, ESSE CARA não é ele, é Jesus.
No resto do ano, também teve muita coisa repetida: trabalho, muito trabalho, correria do dia-a-dia.
Ah! Jogos Olímpicos! Pois é, Brasil, vamos pular essa parte.
E no lado futebolístico? Teve Botafogo reclamando de arbitragem, mas todo ano tem isso. Flamengo na primeira divisão, mas todo ano tem isso. De diferente (e quase que me fez acreditar na profecia Maia) só o Corinthians campeão da Libertadores e do Mundial.
Tudo bem, era o ano marcado para o "Fim do Mundo", mas teve seu lado bom nisso: historiograficamente falando, o interesse pelos Maias foi grande. Se eu ganhasse R$ 1,00 por cada pergunta sobre a civilização Maia e seu calendário apocalíptico que fizeram para este professor de História que vos escreve, eu estaria passando o Réveillon em uma cobertura de luxo em Paris.
Teve gente fechando com Freixo, mas a maioria abriu com Paes. E, talvez, isso seja motivo para pensar que o tal "Fim do Mundo" perseguirá o Rio também nos próximos 4 anos.
O que não deixa de ser verdade, pois, logo encontrarão um "documento" de uma civilização antiga de nome diferente que dirá que no ano em que a Terra estiver alinhada com o asteróide B 612 (sim, o do Pequeno Príncipe), o sol vai emitir raios ultrablábláblá e o mundo vai acabar. Mas todo ano tem isso (ou algo parecido).
Esqueçamos disso tudo! Lembremos das coisas boas, gente!
Em 2012, nossas vidas tiveram abraços inesquecíveis, pessoas maravilhosas, conversas sensacionais, beijos cinematográficos para alguns, cenas hollywoodianas para outros, reencontros, músicas marcantes, tanta coisa boa! Será que queremos mesmo jogar tudo no lixo e começar 2013 do zero?
Se você disse sim, assino embaixo e te desejo que consiga refazer sua vida. Só não deixe de ter fé! Não desista e você conseguirá. E, se precisar, estarei aqui, esperando ser uma partezinha de 2012 que você não se permitirá esquecer.
Se você disse não, estamos juntos nessa! Libertemos o editor da Retrospectiva do Vídeo Show que há em nós! Lembremos das coisas boas! E daquilo que queremos manter para o ano que se inicia.
Lógico, precisamos mudar coisas aqui ou ali, mas não precisa ser no último dia do ano! Se em fevereiro você descobriu que errou e precisa fazer diferente, faça! E sorria! Sorria como os artistas que aparecem no "Falha Nossa", gargalhando depois de erros grotestos.
E que 2013 seja como 2012... Só que não muito! Explico: que seja a parte boa de 2012 com a tentativa de melhorar as partes ruins.
Ah!! Quase esqueci!! Não... Deixa pra lá...
Ok, eu falo!
Eu ia dizer pra você usar filtro solar, mas todo ano tem isso...
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
Natal, Natal das crianças
Estava tão
concentrado em sua leitura que nem reparou como o ônibus havia ficado cheio. Somente quando uma moça parou ao seu lado, acompanhada do filho, foi que ele
“despertou”. O jovem levantou-se, educadamente, a fim de ceder seu lugar para
que a moça sentasse com seu filho, que aparentava ter uns oito anos.
Em pé, o
rapaz começou a abrir sua mochila para guardar o livro que estava lendo
anteriormente, mas foi interrompido pelo menino:
- Está lendo
o que, tio?
- Elogio da
Loucura. Mas não me chama de tio... Tenho quase a sua idade.
- Tem nada!
Eu só tenho 7 anos! – respondeu o menino, sorrindo. – Posso ver? – e pegou o
livro.
- Daniel!!
Que falta de educação! Devolve para o moço! – repreendeu a mãe.
- Não, tudo
bem! Você gosta de ler, Daniel?
- Depende...
– respondeu a criança enquanto abria o livro e passava as páginas.
- Ué, como
assim “depende”? – divertiu-se o jovem.
- Depende,
tio...
- Lucas. Me
chama de Lucas, só para eu não me sentir muito velho, combinado? – e sorriu.
Aliás, se
tinha uma coisa que Lucas não conseguia segurar perto das crianças era o
sorriso. Era um fã declarado delas, da espontaneidade, da habilidade que elas
têm de acreditar nas coisas.
- Beleza... –
concordou Daniel – Então, esse aqui, por exemplo, eu não gostei, ti...
Lucas!!
- Ah, não?
Por quê? Você nem leu ainda, zé mané!
- Mas quase
não tem travessão. Eu gosto quando tem muito travessão.
- Como assim?
- É! Gosto
das conversas! É o mais importante em qualquer história.
Lucas ficou
surpreso. Só conseguiu balançar a cabeça afirmativamente.
O garoto
devolveu o livro e o rapaz guardou na mochila. Alguns minutos passaram até que
Lucas notou o menino distraído com a decoração de Natal de uma loja. Aproveitou
para puxar assunto novamente:
- Bonito, né?
E de Natal, você gosta ou também “depende”? – falou imitando a entonação de
Daniel.
- Ah, gosto!
– disse o garoto sorrindo, mas ficou pensativo logo depois – Lucas, você
acredita em Papai Noel?
O rapaz ficou
sem saber como reagir à pergunta e olhou para a mãe. Ela, tão surpresa quanto
Lucas, apenas deu de ombro. Para o alívio de ambos, Daniel voltou a falar:
- Eu não
acredito, sabe? Já não sou mais criancinha...
- Ah, não é
mais criancinha? – Lucas e a mãe do menino começaram a rir.
- Sou não.
Sei que ele não existe. E vocês dois também sabem disso. Mas, se ele existisse
e você pudesse pedir um presente para ele, o que você pediria, Lucas?
- Caramba!
Assim, na lata? Sei lá! São muitas opções...
- Então, é
fácil! Só escolhe uma das opções. Pode ser qualquer coisa! – disse Daniel
revirando os olhos.
- Não sei, zé
mané! É uma pergunta muito difícil!
- Para
adultos é tudo muito difícil... – resmungou Daniel.
Lucas achou
graça e melhor não retrucar, pois concordava plenamente com o menino.
Entretanto, aquela pergunta ficou na cabeça dele. O que pediria para o Papai
Noel? Demorou muito até encontrar uma resposta.
- Daniel...
Pode ser qualquer coisa mesmo, né?
- Qualquer
coisa o quê?
- O pedido
pro Papai Noel, zé mané!
- Ah, tá!
Pode! Pensou em alguma coisa?
- Sim. Se eu pudesse
pedir qualquer coisa para o Papai Noel, eu pediria que minha mãe vivesse para
sempre.
- E eu que
sou o zé mané... – falou o menino, balançando a cabeça negativamente.
- Ué, você
disse que poderia ser qualquer coisa!
- É, mas se
sua mãe vivesse pra sempre, ela iria sofrer pra sempre depois que você
morresse.
A resposta
foi um choque para Lucas:
- Cara, você
tem certeza que só tem 7 anos? – divertiu-se o rapaz.
- Viu? Eu
disse que não era mais criancinha!
Neste
momento, a mãe de Daniel se levantou e disse:
- Vamos,
Dani. Se despede do Lucas porque a gente desce no próximo ponto.
O garoto
apertou a mão de Lucas e deu tchau. Enquanto mãe e filho se dirigiam para a
parte de trás do ônibus, Lucas chamou o rapazinho:
- Daniel! – o
menino virou-se para olhar – E você? O que pediria para o Papai Noel?
Daniel olhou
para o chão no ônibus durante poucos segundos e, depois que este parou,
respondeu enquanto descia:
-
Travessões... Muitos travessões na vida de todo mundo.
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