Estava arrumando suas coisas. Já havia tempo que sempre tirava um dia das férias para isso.
Depois de conferir alguns documentos, colocando-os na pilha de coisas a serem mantidas, avistou uma caixa.
Já não lembrava o que era guardado ali, então foi até ela e a abriu.
Encontrou uma série de fotografias de sua juventude.
É... Fazia tempo! Devia ter no máximo uns 25 anos nas fotos, metade do que tem hoje.
Foi lembrando-se de momentos vividos, e a saudade foi batendo.
Até que chegou a uma foto que fez seu coração parar por um ou dois segundos e depois acelerar descompassadamente.
Ela estava naquela foto. Mas como podia, depois de tantos anos, ele ainda sentir isso quando a via em uma fotografia?
Notou que ela aparecia em muitas outras fotografias que ali estavam, e cada vez que a identificava, a reação de seu coração era a mesmo.
Seus pensamentos começaram a voar para aquela época longínqua.
Lembrou-se, com carinho e inquietação, de tudo o que vivera com ela: os momentos felizes, os outros, nos quais precisou do conforto dela, e ela do dele, sentimentos e conflitos.
Uma lágrima percorreu seu rosto, e quando percebeu, estava no bar onde a galera costumava se encontrar.
Sentados estavam o Rodrigues, o Jamanta, a Suzy, o Renato e a Nandinha. Em pé, e um pouco afastado da mesa, estavam ele, na época ainda sem os óculos, e Isabel, a garota da foto, aparentemente discutindo.
- Leandro, para de falar bobagem!
- “Leandro”?? Se me chamou assim é porque a coisa tá feia...
- Pois é, Leco – ela fez questão de enfatizar o apelido do rapaz – é uma decisão séria que pode mudar o rumo de nossas vidas.
- Mas o que você quer que eu faça? Deixe de ir morar em Campos pra ficar aqui com você? Morando onde? Embaixo do viaduto? Sem emprego e tudo o mais? Você é que podia vir comigo!
- Não, não posso! Minha vida está toda aqui... Não posso abrir mão de tudo pra me arriscar com você...
- Pois a decisão é sua. Eu não tenho condições de ficar, e você sabe disso. Se quiser vir comigo, sabe que podemos conseguir. Eu sou completamente louco por você. Estarei amanhã te esperando na rodoviária.
Ao terminar de falar, virou-se e foi embora, mais para esconder dela que estava chorando do que por vontade de ir mesmo. Estava chateado por ser um "risco" para ela.
Ela ficou parada por alguns minutos. As lágrimas correndo pela pele macia. Não sabia o que fazer.
Leandro já estava de volta ao seu quarto, décadas depois. Segurava o choro, enquanto imaginava como tudo poderia ter sido diferente. Recordou o dia do seu embarque. Todos os amigos foram se despedir, mas ela não apareceu.
- Foi a escolha dela e eu já aceitei isso... – disse baixinho.
A verdade é que, mesmo tendo casado, tido filhos, ele nunca se esqueceu dela.
E a prova estava ali, na sua frente: uma simples imagem dela era capaz de mexer com ele, mesmo tantos anos depois.
Um comentário:
um grande amor sempre meche com a gente, não importa quanto tempo passe...se foi verdadeiro com certeza você nunca vai esquecê-lo.
bjos cartoon!!!
JÁ ESTOU COM SAUDADES DE ENCHER SEU SACO ;P
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