quarta-feira, 27 de agosto de 2008
O que faltou em Pequim?
(Baseado nas frases eternizadas por nossos narradores e comentaristas)
- Competição feminina de solo na ginástica artística, narrada por Cléber Machado:
“E vem aí Daiane dos Santos! Vem brigar por medalha a brasileira, que tem pisado fora da área demarcada em suas últimas apresentações. HOJE NÃO! HOJE NÃO! Hoje sim... Hoje sim. Olha, é inacreditável...”
- Brasil no lugar mais alto do pódio, com narração do Luis Roberto:
“E agora vamos ouvir o hino nacional brasileiro, na voz marcante de Léo Batista!”
- Milton Leite como narrador da final dos 100m nado borboleta masculino:
“O sérvio Cavic vem na ponta! Phelps vai buscando a recuperação! Últimos metros! Que prova! Vem Cavic! Vem Phelps! A BATIIIIIIDA! Michael Phelps é ouro, mais uma vez, para os Estados Unidos! Que beleeza!”
- Silvio Luiz narrando a apresentação de Diego Hypolito na final do solo masculino:
“Acerte o seu aí que eu arredondo o meu aqui, pois vai o brasileiro para o último salto na sua apresentação. Lá vai ele! Olho no laaancee! ... O que é que eu vou dizer lá em casa?!!”
- Judô com comentários de Gérson, o canhotinha de ouro:
“Olha só!! Essa Edinanci é uma BARANGA!!”
- Saltos ornamentais na voz do saudoso Marco Antonio Mattos:
“Afunda, afunda! Afundou!”
- Atletismo, 100m rasos para homens com narração de José Carlos Araújo (o Garotinho mais amado do Brasil!):
“Partiu Bolt... se manda, vai embora! Vai mais, vai mais, vai mais, garotinho!” (antes dele concluir a frase, Usain Bolt já completou a prova!)
- Galvão Bueno após chegar em casa e entregar o anel que comprou de presente para sua esposa:
“É ouro! É ouro! É ouro! É ouro!” (repete mais 358 vezes)
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
O Brasil de ouro
Por ROBERTO VIEIRA
“Agora que os Jogos chegam ao seu final; agora que o sonho de ouro transforma-se em realidade, uma constatação: A Olimpíada é profundamente injusta.
Porque nas Olimpíadas o Brasil não pode levar o que tem de imbatível.
Você pensou em Futsal e Corrida de Jerico?
Também.
Mas a gente não pode esquecer nossas outras modalidades de ponta.
Na categoria políticos corruptos não teria pra ninguém.
Ainda mais em ano de eleição.
Seríamos ouro, prata e bronze, embora político corrupto exista em cada um dos 204 países membros do COI. Mas nenhum com nosso know how.
Menor abandonado? Campeões.
Favelas? Nós somos o Bolt das favelas.
Os Michael Phelps do desmatamento.
Prostituição infantil? Recorde em cima de recorde nas estradas deste país varonil.
Sofrimento nas filas dos hospitais? Um duelo de gigantes com o restante do terceiro mundo. Que seriam desclassificados pois a maioria não tem sequer hospital.
CPIs que terminam em pizza? Ouro!
Telefones ilegalmente grampeados? Ouro! Ouro! Ouro!
Pois é.
Não é que o Brasil se prepare mal para os Jogos Olímpicos.
Os Jogos Olímpicos é que insistem em promover a natação, a ginástica, o atletismo.
Quem sabe em 2016 no Brasil a gente vire a mesa.
Com uma ajuda do Caixa 2.”
Agora, o que eu penso:
Muito bom o texto do Roberto Vieira... Mas o que é feito por nós para mudar?
Enquanto nossos telejornais e algumas emissoras dedicavam, no mínimo, 85% de seu tempo para discutir a derrota da seleção masculina de futebol, a queda de Diego Hypolito, a prata do vôlei masculino, o sumiço da vara de Fabiana Murer e tantos outros fatos ocorridos do outro lado do mundo, aqui, “do nosso lado”, uma mulher, grávida de sete meses, era baleada e perdia seu bebê, um padre era esfaqueado após uma tentativa de assalto, criminosos invadiam posto policial e matavam um PM. E estes acontecimentos foram só no último fim de semana, imaginem o que não ocorreu durante os 15 dias de competição. Coisas importantes no nosso país foram deixadas de lado pelo noticiário.
E o que nós – sim, eu me incluo nessa - fazemos quanto a isso? Simples... Sentamos em frente à TV torcendo para o Brasil, passamos madrugadas em claro, e alguns discutem nas mesas de bar sobre os 8 ouros de um, o choro de outros. E o mais importante: a maioria de nós esquece de problemas tão alarmantes acontecendo a nossa volta.
Entendo que parte da imprensa resolva criticar o país agora. Afinal, é como se essa parte – e muitos de nós, também - estivessem acordando de um sonho, o “sonho olímpico”, e voltando a realidade. Realidade esta que não deveria ter deixado de ser prioridade, mas já que o foi, acabou por tornar-se um meio de crítica para o desempenho, abaixo do esperado, da delegação brasileira em Pequim. Afinal, alguns - não preciso citar nomes de empresas - investiram uma quantia bem grande para ter as melhores transmissões, as melhores notícias, e nossos atletas não teriam correspondido à altura.
O Brasil seria ouro, individual e por equipes, em mais uma modalidade: crítica após enaltecimento, em dois estilos, ao país e aos atletas.
E, como diria a Xuxa: Beijing, Beijing, tchau, tchau!
(Obs: o texto de Roberto Vieira foi retirado, na íntegra, do blog do mesmo.)
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Nosso esporte é torcer pelo Brasil
Olimpíadas. Que droga é essa que me faz ficar acordado até às 5h durante a semana? E para quê eu fico acordado? Para ver o Brasil perder a maioria das disputas? Para ver Phelps quebrar recorde atrás de recorde e ganhar medalha atrás de medalha?
Não.
Fico acordado pois alguns raros momentos me fazem ter orgulho. Como o bronze conquistado por César Cielo nesta madrugada. Quem viu a entrevista dele logo após a semifinal e também a depois da final sabe do que eu estou falando. É de emocionar.
Dá vontade de estar no lugar dele.
Mas aí me lembro que já tenho 20 anos... Idade avançada demais para começar a praticar um esporte e representar meu país.
Não sou mais criança... Porém aquele sonho de ser jogador de futebol, ou atleta olímpico, ou o super-homem se mantém aceso. Por mais impossível que seja. Daí o motivo de eu ficar até tarde assistindo às competições.
Mas hoje acordei e tomei uma decisão.
Procura-se parceiro para vôlei de praia... E técnico também... E patrocínio... E assim por diante. Até desistir de novo.
Só que a idéia de estar no lugar mais alto do pódio e ouvir o hino nacional brasileiro me agradou muito.
Por isso, no próximo ouro que o Brasil ganhar, subirei no meu sofá e aumentarei bastante o volume da TV. E, logicamente, depois serei surrado por minha mãe e minha irmã, que, como seres normais (na maioria das vezes) que são, dormem durante a noite.
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