Vias afetivas estas que levavam-nos a percorrer distâncias temporais e físicas, transportando-nos do Rio de Janeiro e de Manaus, no século XXI, para a Europa e seus castelos da Idade Média.
As vias digitais, quando somadas a essas vias afetivas, foram e são capazes de proporcionar brincadeiras competitivas completamente insanas para os outros, mas que para nós parecem sempre coerentes. Proporcionaram, também, uma aproximação tão grande que, não sei dizer com precisão quando, mas em algum momento entre um "Boa noite. Antes de começar o COC, temos alguns avisos para dar" e um "VTNC", a levou da categoria "uma Marcela" para a categoria "a Marcela".
A Marcela que nem sempre é Marcela, já que a verdadeira identidade é de uma agente secreta gênio, mas isso eu não revelo! A Marcela que é irmã e que lotou a memória do meu tijolo e agora lota a memória do meu celular com SMS's! A Marcela que me deu broncas e que já recebeu broncas minhas. A Marcela que eu já percebi tentando me proteger, mesmo sem querer. A Marcela que aprendeu que eu estou sempre certo e sempre tenho razão; e quando não é assim, ficamos horas e horas discutindo a mesma coisa, até que ela desista e eu vença! (Porque eu sempre venço!)
A Marcela que sabe que tem um coração enorme. E que sabe que, além de enorme, ele é rubro-negro! E eu posso provar!
Ela que já sabe quando merece uma bronca e diz "Sem lição de moral, agora...", me deixando mais preocupado por ela estar triste do que qualquer outra coisa.
Ela que sabe falar Tupi e que, ultimamente, não tem tido contato com tecnologia de ponta, a não ser com um telepairmãomaisvelho.
Ela que é um celacanto que provoca maremoto de alegria toda vez que estamos juntos.
Ela que tem tanto em comum comigo. E ao mesmo tempo tem tanta divergência que as vezes fica irritada. Aliás, deixá-la irritada é uma de minhas habilidades.
A habilidade dela? São várias! Mas uma delas é, mesmo que com apenas uma palavra ou sinal de fumaça, me fazer ter certeza de que, apesar de qualquer distância, estaremos sempre juntos, lado a lado, como no porta-retrato que está na minha estante.
E eu posso escrever parágrafos e mais parágrafos, infinitas frases, mas todas elas cabem em apenas quatro letras, que ela sabe muito bem quais são.